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Doc ‘5 Casas’ ganha pré-estreia comentada no Rio de Janeiro

Em uma cidadezinha no interior do Rio Grande do Sul há cinco casas e cinco histórias que se confundem em uma mesma. Uma velha professora lutando para manter sua casa de pé, um jovem que sofre agressões por se recusar a esconder sua natureza, uma freira sendo transferida da escola que regeu com punho de ferro por décadas, um velho capataz em uma fazenda mal assombrada e um menino cujos pais morreram 20 anos atrás e que é hoje o diretor que volta para buscar as memórias de sua infância perdida e dar voz a essas pessoas. Histórias distintas, mas que juntas pintam um retrato pungente de um Brasil marcado por apagamentos e desigualdade.

Cena do Longa nacional ‘5 Casas’ – crédito: Bruno Polidoro

O documentário brasileiro “5 Casas” terá sessão comentada na capital fluminense no dia 13 de setembro (terça-feira), às 19h30min, no Espaço Itaú Botafogo (Praia de Botafogo, 316), sala 2. O diretor Bruno Gularte Barreto participa da atração, que terá mediação da cineasta Beth Formaggini. No dia 14, o filme também ganha sessão comentada em Niterói (RJ), às 19h, no Cine Arte UFF (Rua Miguel de Frias, 9). Em seu longa de estreia, o diretor e artista visual gaúcho faz uma viagem ao seu passado no interior do Rio Grande do Sul.

5 CASAS – Bruno Gularte Barreto – 0

O caminho trilhado pelo realizador encontra as histórias de vida dos habitantes das cinco casas do título, com a sua própria como fio condutor. O trabalho também deu origem a um livro e uma exposição de arte de mesmo nome lançados em 2021.

“Quando eu fui embora da cidadezinha de Dom Pedrito, eu estava cheio de dor”, relembra o diretor, que também é o narrador do filme. “As memórias da cidade estavam contaminadas não apenas pelo luto, mas também por que eu – assim como as pessoas nas cinco casas – sempre me senti um ‘outsider’ na sua sociedade conservadora”, pontua. Bruno perdeu a mãe aos oito anos, vítima do câncer que assola a região onde nasceu, causado pelo uso desenfreado de agrotóxicos nas plantações próximas. Cinco anos depois, a mesma doença levou seu pai. Logo após, ele e seus irmãos deixaram a cidade.

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Sem olhar para trás, Bruno deixou guardadas caixas de papelão com lembranças familiares em um galpão situado na fazenda do avô. Vinte anos depois, uma tempestade que arrancou parte do telhado do local o fez voltar à sua cidade natal. O documentário registra a redescoberta deste material. E o filme vai além da memória afetiva evocada por objetos, livros e fotos de família. A narrativa vai também ao encontro de pessoas que marcaram a infância do cineasta e de suas atuais realidades, trazendo à tona questões urgentes e emblemáticas do Brasil contemporâneo, como o etarismo, a especulação imobiliária, a homofobia e o conservadorismo.

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O diretor interage com quatro personagens distintos, começando por uma velha professora de francês que toca um piano desafinado em uma pequena casa cercada de árvores. Ela luta para manter sua casa contra as construtoras que querem demoli-la para a construção de um prédio. Um homem vive há mais de 40 anos em uma fazenda isolada, que dizem ser mal assombrada. Um grupo de freiras conduz rigidamente uma escola, em especial uma delas, cuja transferência para outra localidade causa revolta na cidade. E um jovem gay sofre bullying e agressões por não conseguir esconder sua natureza, revidando e afirmando sua existência contra tudo e todos.

Bruno Gularte Barreto – crédito Luiz Alves

Bruno Gularte Barreto é um diretor, artista visual e educador brasileiro cuja obra transita entre o cinema, a fotografia e a videoarte. Bruno é mestre em poéticas visuais pelo PPGAV da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e doutorando em Artes Performativas e da imagem em Movimento pelo Curso de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Suas obras integram, entre outras, as coleções do MAM-RJ, MARGS e MAC-RS. Suas áreas de interesse incluem a memória, a autoficção, o corpo, a ruína e a opacidade.

“As memórias deles são parte da minha história, e registrar as nossas conversas é uma forma de lhes dar voz”, reflete Bruno. “Não é apenas uma forma de contar a minha história, mas sim de contar a nossa história através da voz deles”, conclui. “5 Casas” teve sua première mundial no maior festival de documentários do mundo, o Festival Internacional de Documentários de Amsterdã (IDFA). O longa passou por vários festivais como o Biografilm (Itália), o Queer Lisboa (Portugal), o Cinélatino (França) e o Festival de Viña del Mar (Chile), onde recebeu o prêmio de melhor longa documental.

5 CASAS – Bruno Gularte Barreto

No 50° Festival de Cinema de Gramado recebeu os prêmios de melhor filme, direção, prêmio do júri popular e montagem na Mostra Gaúcha. No Cine Ceará, um dos mais importantes festivais do Brasil, levou o grande prêmio de melhor filme, além de roteiro e som. Também foi premiado no Panorama Coisa de Cinema e no Atlantidoc (Uruguai). “5 Casas” é uma produção da Vulcana Cinema, com coprodução da TAG/TRAUM e Estranho Produções e distribuição da Lança Filmes. O financiamento é do NRW Film und Medien Stiftung (Alemanha), IDFA Bertha Fund (Holanda) e do Prodecine 5 – Inovação de Linguagem – Fundo Setorial do Audiovisual, através da Ancine e BRDE.

5 CASAS – Bruno Gularte Barreto

Sinopse longa: Em uma cidadezinha no interior do Rio Grande do Sul há cinco casas e cinco histórias que se confundem em uma mesma. Uma velha professora lutando para manter sua casa de pé, um jovem que sofre agressões por se recusar a esconder sua natureza, uma freira sendo transferida da escola que regeu com punho de ferro por décadas, um velho capataz em uma fazenda mal assombrada e um menino cujos pais morreram 20 anos atrás e que é hoje o diretor que volta para buscar as memórias de sua infância perdida e dar voz a essas pessoas. Histórias distintas, mas que juntas pintam um retrato pungente de um Brasil marcado por apagamentos e desigualdade.

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Agenda de Exibições

Serviço 1

5 Casas

Pré-estreia – Sessão Comentada no Rio de Janeiro (RJ)

Dia 13 de setembro (terça-feira), às 19h30min

Espaço Itaú Botafogo (Praia de Botafogo, 316 – Botafogo) | sala 2

Presença do diretor Bruno Gularte Barreto | Mediação: Beth Formaggini

Serviço 2

Pré-estreia – Sessão Comentada em Niterói (RJ)

Dia 14 de setembro (quarta-feira), às 19h

Cine Arte UFF (Rua Miguel de Frias, 9) | sala 1

Presença do diretor Bruno Gularte Barreto | Mediação: Matheus Strelow

Documentário | 85 min. | País: Brasil

Trailer: youtu.be/7gAibyLE3nI

Classificação Indicativa: 10 anos

Instagram: @lancafilmes | Facebook:/lancafilmes | Tik Tok: @lancafilmes

Site: lancafilmes.com.br

Palavras da crítica

“Um dos mais belos filmes brasileiros recentes, 5 Casas transforma uma jornada pessoal em algo maior. É cinema de altíssima qualidade.” (Luis Carlos Merten)

“Um filme sensível, que consegue amalgamar o pessoal e o social.” (Maria do Rosário Caetano)

“Um documentário íntimo, lindo, triste e reflexivo”. (Daniel Victor)

“Bruno Gularte Barreto ratifica com talento e seriedade o pensamento atribuído a Tolstói: ‘Se queres ser universal, começa por tua aldeia’.” (Celso Sabadin)

“Uma estreia que nos leva a ficar atentos a seus próximos trabalhos, porque representa um sopro de renovação. (…) 5 Casas pode entrar num inventário de poucos bens, que são os filmes inquietos e introspectivos, que se arriscam em formatos não comerciais. (…) O cinema gaúcho precisa de filmes honestos, inquietos e criativos.” (Ivonete Pinto)

“No cenário de uma cidade no interior do Rio Grande do Sul, no extremo sul do Brasil, “5 Casas” consegue, através do retrato das figuras mais marcantes da cidade, mostrar um retrato da parte amarga e impune das raízes do Brasil. Um dos melhores trabalhos de áudio do cinema brasileiro contemporâneo.” (João Victor Guimarães)

Ficha técnica

Direção: Bruno Gularte Barreto

Roteiro: Bruno Gularte Barreto e Vicente Moreno

Produção Executiva: Jessica Luz

Coprodução: Bruno Gularte Barreto, Kristin Krieg e Gerd Haag

Direção de Fotografia: Bruno Gularte Barreto, Bruno Polidoro e Tiago Coelho

Montagem: Vicente Moreno

Direção de Arte: Bruno Gularte Barreto

Desenho de Som: Emil Klotzsch

Trilha Sonora: Elza Soares e Emil Klotzsch

Distribuição: Lança Filmes

Personagens: Beatriz Paiva, Irmã Ana Abatti, Irmã Amélia Lain, Ivone Lermen, Maria Miranda, Maria Sinhorinha, Ricardo Nascimento e Rodier Mendes

Vulcana Cinema é uma produtora brasileira fundada em 2018 por Jessica Luz e Paola Wink que acumulam mais de dez anos de experiência atuando como produtoras das empresas Besouro Filmes e Tokyo Filmes em Porto Alegre.  Elas produziram mais de vinte curtas entre eles “O Teto sobre Nós” (Locarno Competition 2015) e “Damiana” (Cannes Competition 2017, TIFF Competition 2017) e longas como “Castanha” (Berlinale Forum 2014), “Rifle” (Berlinale Forum 2016), “Tinta Bruta” (Berlinale Panorama 2018) e “5 Casas” (IDFA First Appearance Competition 2020), além de diversas séries para TV.

A Lança Filmes é uma empresa distribuidora de conteúdo audiovisual. Distribuindo longas e curtas-metragens, séries e novos formatos, em festivais, mostras, cinema, VOD, televisão fechada e aberta, internet e em novas plataformas. Entre seus títulos estão: “Mateína – A Erva Perdida” (2022), “Legado Italiano” (2021), “Portuñol” (2021), “Disforia”(2020), “A Cidade dos Piratas” (2019),  “Tamara” (2018), “Yonlu” (2018) e “Dromedário no Asfalto” (2014).

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